Três estudos podem mudar a prática clínica na área de tumores gastrointestinais

No Congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO 2017), três estudos chamaram a atenção da Dra. Rachel Riechelmann na área de tumores gastrointestinais. Na opinião dela, os resultados têm potencial para mudar a conduta dos oncologistas. A médica é diretora científica do Grupo Brasileiro de Tumores de Gastrointestinais e membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC).

O primeiro trabalho destacado pela especialista é uma análise combinada de seis estudos fase III, somando 12.834 participantes, que avaliou a não-inferioridade de três meses versus 6 meses de adjuvância com oxaliplatina em termos de taxa de sobrevida livre de recorrência aos três anos em pacientes com câncer de cólon em estádio inicial. Os resultados de três meses de tratamento foram não inferiores a seis meses para pacientes com tumores T1-3N1. Para pacientes T4 ou N2, seis meses de adjuvância permanecem o padrão. Contudo, ressalta a oncologista, é preciso lembrar que a neurotoxicidade associada a seis ciclos de oxaliplatina pode ser limitante em uma proporção significativa de pacientes.

Segundo a Dra. Rachel, outro estudo relevante para a conduta clínica é o BILCAP, um ensaio fase III de oito ciclos de capecitabina adjuvante versus observação em pacientes com tumores de vias biliares ressecados. Em um seguimento mediano de 39 meses, o medicamento aumentou a sobrevida mediana em 15 meses. Na análise por intenção de tratamento, obteve-se 51 meses versus 36 meses (p=0.097). O resultado foi semelhante na análise por protocolo: 53 meses versus 36 meses, mas estatisticamente significativo (p=0.028). Na análise ajustada para fatores prognósticos, a capecitabina também aumentou a sobrevida global (p=0.007). Não houve piora de qualidade de vida com o medicamento. Portanto, o padrão para pacientes com tumores de vias biliares ressecados é capecitabina adjuvante por oito ciclos.

Mais um estudo que muda a prática clínica, de acordo com a oncologista, é o FLOT4 fase III de quimioterapia perioperatória FLOT versus ECF/ECX em 716 pacientes com adenocarcinoma gástrico ou da junção operados. Completaram o tratamento pré e pós-operatório 91% e 37% (ECF/X) e 90% e 50% (FLOT) dos pacientes, respectivamente. Após um seguimento mediano de 43 meses, a sobrevida mediana foi de 35 meses para ECF/X e de 50 meses para FLOT (p=0.012), com taxa de sobrevida livre de recorrência aos três anos de 48% para ECF e de 57% para FLOT. Taxas de complicações pós-operatórias foram semelhantes em ambos os grupos.

Além desses, outros estudos mostraram resultados encorajadores, segundo a da Dra. Rachel. Um exemplo é o estudo SWOG1406, randomizado de fase II, em que a adição de verumafenibe a cetuximabe mais irinotecano em segunda ou terceira linha para pacientes com câncer colorretal metastático e com mutação no oncogene BRAF demonstrou ganho significativo em sobrevida livre de progressão mediana.

Mais novidades da ASCO 2017

O Congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO 2017) aconteceu de 2 a 6 de junho, em Chicago (EUA). Acompanhe as novidades aqui no site da SBOC.

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